Thursday, May 22, 2008

...das identidades (take #24) Gravador nº2: Produção Artística (4ª parte)

Arte é um nome.
Arte é um processo.
A produção artística é um processo inscrito no tempo e no espaço por contingência e que, por isso, estes aspectos não pertencem a um grupo de preocupações que determinem, de início, a forma que a peça irá ter. Em Portugal, a produção artística contemporânea de índole performativa, caracteriza-se pelas componentes do processo: descentramento da realidade trabalhada e posterior recentramento dessa mesma realidade num novo campo de significação. Com isto, as peças que desse processo resultam, não se encontram estanques em significado: não são representações, são ao invés subrepresentativas – adquirem durante o processo, não um significado, mas um potencial de conecções com diferentes significados, um potencial de significação –, bem como não possuem uma linha cronológica convencional, mas sim uma cronologia altamente manipulada, que assenta num modo espiralado de encarar a temporalidade: um progresso que, assentando num passado que não reflecte, promove a criação de novos futuros, e realidades, paralelos/alternativos. Estes futuros, ou realidades, não são criados a partir de fragmentos da realidade passada, mas sim dessa mesma realidade como uma unidade coerente quando intuída de fora estética. No final, será esta intuição estética da realidade que resultará na forma que o objecto artístico irá assumir, forma essa que variará consoante o conteúdo que se pretenda comunicar. Este processo, conceptual e mecânico, será então denominado como mecanismo performance. Este resultaria num objecto artístico enunciado como arte. E arte é um nome.

Enquanto modo de produção, não será possível tirar conclusões deste processo per si. Poderá, sim, ser possível declará-lo como causal – tal como outros processos, entre os quais o científico. Será no seu resultado que poderão incidir as análises e as conclusões. Será na sua eficácia.
Arte é um processo.
Arte é um nome.
Arte é, na realidade, um meio. Tal como a estrutura identitária, a arte é um meio de produção de objectos, de realidades, de identidades; mas mais importante, a arte é um meio de produção de si mesma – arte é auto perpetuação.


[Imagem: 'Fui #3' de Rogério Nuno Costa (2005)]

Labels: , , ,

0 Comments:

Post a Comment

<< Home